Escolhas a mais

- Queres Roma, Arpeggio, do não sei quê ou da Colômbia?
- Sabe-me tudo ao mesmo; faz lá o café!
- Não, diz lá qual queres, tenho aqui não sei quantas cores diferentes.
- Uma qualquer, tanto faz, o que eu quero mesmo é um café. Quando ia a um café - lembras-te de haver cafés? -, não me fazim perguntas dessas. Era uma bica e pronto!
- Sim, mas agora a escolha é muita; a diversidade aumentou.
- E isso faz aumentar a confusão!
- Isso é como dizeres que a democracia, por ter muita escolha, é confusa...
- Se calhar é! Se tivéssemos só duas escolhas, do tipo ditadura ou democracia era mais simples.
- Mas, se as pessoas escolhessem a democracia ficavam confusas, porque nasciam tantas ou mais opções do que as capsulas de café.
- Não se o Governo determinasse que café é que se pode beber, depois de um referendo sobre o assunto.
- Mas nesse caso seria, apenas, uma ditadura da maioria escorada em métodos referendatários. Não seria uma democracia que assegurasse o direito de beber um café diferente dos outros.
- Espera, acho que estás a utilizar os meus argumentos!
- Não me parece!

- Estás! Assim, se argumentarmos os dois o mesmo, não há debate.

- Poderia ser estarmos de acordo!

- Mas é claro que não estamos.

- Vá lá, voltemos ao princípio.

- Pode ser Arpeggio.

- Vês? É simples!