25 de abril de 2020

Exile on Main St.






O Diogo Leote desafiou-me para escolher os 10 álbuns da minha vida. O desafio foi feito no Facebook mas as confidências fazem-se entre amigos e eu prefiro responder-lhe aqui.
Quem me conhece sabe que teria de começar pelos Stones. Aos 52 anos (ou precisamente por causa deles) ainda acredito que o Mundo se divide entre os que preferem os Stones e os que sucumbem aos mais delicodoces Beatles. E a minha escolha, que nunca chegou a ser hesitação, ficou feita muito lá atrás. Pela mão de um amigo do Liceu Francês (a mãe era bruxa ou pelo menos era o que ele jurava e eu não tinha razões para duvidar) que me foi emprestando, um a um, todos os álbuns da banda. A ousadia havia de ser, bem entendido, devidamente caucionada pelos meus primos mais velhos, heróis da meninice que o tempo aproximou, comprimindo o abismo que eram os 3 ou 4 anos que separam um puto de 13 de um matulão de 17.
A seleção recai sobre um álbum para muitos (não para Keith) improvável. Exile on Main Street é provavelmente o mais bluesy dos álbuns dos Stones. A epopeia da sua concepção e gravação vem descrita na imperdível autobiografia de Richards (todos para o Wook já e em força) e, como é de supor, tem todos os ingredientes de que se faz um álbum de génio: sex, drugs, rock'n roll e outras coisas igualmente pias que aqui não fica bem relatar. Tudo num estúdio improvisado na cave de uma mansão alugada em Villefranche-sur-mer. Corria o ano de 1972.
Para além das faixas que haveriam de ganhar vida própria nas várias compilações e digressões da banda (Tumbling Dice, Happy, Rocks Off, entre outras) duas em particular deram a volta à cabeça de um rapazinho em que já despontava, tímido, um leve buço: Sweet Virginia e Sweet Black Angel. E só agora, 40 anos passados, me dou conta da doce coincidência. O buço, haveria de cortá-lo em Paris, antes de uma soirée inesquecível com o meu avô no Folies Bérgères. Mas essa é outra história.
Ora oiçam.



2 comentários:

  1. Well done, Pedro. Os Stones, com mais ou menos sex, drugs & rock´n`roll, viverão para sempre. E desconfio que, na geração dos nossos filhos e netos, sobreviverão melhor do que os Beatles.

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  2. Ó Pedro! Mas, isso diz-se? Coitadinhos dos The Beatles!
    Devo confessar que lhes tenho uma certa azia e que, tirando a cítara Ravi Shankar, nos bons tempos das alucinações coloridas, os Stones para mim são sempre melhor opção.
    Grande texto.

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