Vendo o filho mais
novo parado à porta de cesto na mão, a Mãe perguntou porque tardava a ir.
“Os
monstros existem, Mãe?” perguntou-lhe de volta o filho, olhando em frente.
“Existem,
se acreditares neles.” respondeu a Mãe, retomando a costura.
“E vivem
na floresta, nas suas sombras e restolhos?” perguntou-lhe de volta o filho,
olhando à roda.
“Vivem
onde queres que estejam. Chamam-se Medos.” respondeu a Mãe, medindo o pano da
bainha.
“Tenho
medo dos Medos. E a Mãe?” perguntou-lhe de volta o filho, olhando para os
sapatos.
“Escuta com atenção, meu filho. Quando atravessares
a floresta, pisando as suas sombras e restolhos, se vires um monstro, não
fujas. Corre para ele e ele desaparecerá." respondeu a Mãe, cortando o fio
com os dentes.
"Mas" perguntou-lhe
de volta o filho, olhando para ela "e se o monstro fizer a mesma coisa e
correr para mim? É que se os Medos existem, então também têm Mãe”.
A Mãe picou o dedo na agulha, mas sorriu. O seu filho mais novo crescia.
texto Ana Monjardino
imagem Ana Marchand
coisa tão bonita. bjs
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